A 3ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça do Maranhão foi, nesta terça-feira 29 de junho , palco de um julgamento de alto teor explosivo: a Ação Penal Ordinária nº 0821614-38.2024.8.10.0000, que envolve o atual prefeito de Santa Inês, Felipe de Carvalho, conhecido politicamente como Felipe dos Pneus. O caso, relatado pelo desembargador José Nilo Ribeiro Filho, trata de uma investigação conduzida pelo Ministério Público que aponta a existência de uma organização criminosa instalada no coração da administração municipal de Santa Inês, com desvio de milhões de reais dos cofres públicos.
O prefeito Felipe dos Pneus não é um personagem novo no noticiário policial. Já foi afastado duas vezes do cargo, em decorrência de diferentes operações que apontaram o desvio sistemático de verbas públicas. Agora, a Justiça maranhense dá mais um passo decisivo: o relator da ação, desembargador José Nilo Ribeiro, foi contundente ao proferir voto favorável ao recebimento da denúncia, transformando o prefeito e seus aliados — entre eles familiares — em réus por crimes graves contra a administração pública.
Entretanto, em um movimento que revela o teatro muitas vezes encenado nos bastidores do Judiciário, a desembargadora Maria das Graças Amorim pediu vista do processo, adiando a concretização da decisão. O pedido de vista foi acompanhado parcialmente apenas por cortesia — o chamado “cavalheirismo” jurídico — pelo desembargador Nelson Ferreira Martins, mas o julgamento, na prática, foi suspenso.
O detalhe que não pode ser ignorado: a desembargadora que pediu vista é uma indicação direta do governador Carlos Brandão, político que agora também sente o calor do desgaste. Afinal, o caso de Felipe dos Pneus, além de comprometer moralmente a gestão de Santa Inês, joga sombras densas sobre a aliança política que o sustenta. Em ano pré-eleitoral, qualquer réu dentro do próprio campo tende mais a minar votos do que a transferi-los.
As defesas, previsivelmente, tentaram desqualificar as provas — inclusive as telemáticas — e sugeriram forjamento de elementos, mas não convenceram o relator. A robustez das investigações do Ministério Público, com detalhes sobre o esquema de corrupção e seus operadores, deixa pouco espaço para narrativas fantasiosas. Ainda que a decisão final tenha sido adiada, o caminho do prefeito rumo ao banco dos réus já parece inevitável.
Enquanto isso, nos bastidores do Palácio dos Leões, o governador Brandão provavelmente começa a calcular o custo de manter o nome de Felipe dos Pneus entre os seus. A política não perdoa — e tampouco esquece. A Justiça pode ser lenta, mas quando se move, abala estruturas.
Para o prefeito, os próximos dias prometem ser de insônia e preces — não a padroeira da cidade, mas ao padrinho político que, agora, se vê encurralado entre a fidelidade a cabo eleitoral e a sobrevivência política do sobrinho Orleans Brandão na região, visto que, este é pré candidato a governador apoiado pelo tio .
A ver o tempo.
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