SANTA INÊS (MA), 17 de julho de 2025 – Em um episódio que começou com escuridão literal e terminou com luzes reacendidas sob a vigilância da opinião pública, Santa Inês voltou a ser palco de mais um capítulo controverso da gestão do prefeito Felipe de Carvalho, popularmente conhecido como Felipe dos Pneus. Após intensa repercussão social, os refletores da Arena Telso próxima ao já famoso estádio Binezão , foram reinstalados na noite do dia 15 de julho. A decisão de devolvê-los pôs fim, ao menos temporariamente, a um embaraçoso episódio de retaliação política.
A retirada da iluminação havia sido determinada pela própria Prefeitura, logo após uma celebração popular pela chegada dos campeões da Copa Fla Nordeste – evento acontecido no Ceará em que as equipes campeãs não contaram com o apoio institucional da gestão municipal e sim com os próprios familiares e da deputada estadual Solange Almeida, o que gerou o descontentamento do prefeito. Segundo relatos de moradores e participantes, a ordem para a remoção dos refletores teria partido diretamente do prefeito, como resposta à comemoração pública da conquista, tida como "independente demais" para o gosto da administração.
Para legítimar a retirada, o secretário municipal de Esporte, Lazer e Cultura, João Paulo Medeiros dos Santos, teria agido sob ordens diretas, e apresentou na reinstalação um documento administrativo visíveumente feito as pressas. O caso gerou revolta entre a população e atletas locais, que denunciaram o uso de cargos públicos como instrumentos de represália pessoal.
Enquanto a cidade tenta entender os motivos por trás de tamanha reação por parte do gestor municipal, outro episódio envolvendo a mesma secretaria joga ainda mais luz – ou sombra – sobre a condução dos assuntos públicos em Santa Inês.
Acontece que ainda no ano passado sobre o comando do mesmo prefeito o Ministério Público do Maranhão (MP-MA) instaurou um inquérito civil para investigar uma licitação de quase R$ 3 milhões em materiais esportivos adquiridos pela Prefeitura. A denúncia, feita de forma anônima, aponta indícios de superfaturamento e ausência de estrutura adequada para a utilização dos itens, adquiridos supostamente sem planejamento e sem necessidade comprovada.
O processo investigado é o Pregão Eletrônico nº 023/2024, que prevê a compra de 665 bolas de futebol de campo adulto, 450 bolas de futsal, 200 bolas de vôlei, 6 mil medalhas, entre outros materiais. Chama atenção o volume expressivo dos itens frente à estrutura precária das quadras e escolas municipais, onde muitos professores e atletas relatam falta de rede, piso adequado e até mesmo traves para treinos.
Além do prefeito Felipe Silva, o MP-MA também incluiu na investigação o secretário João Paulo Medeiros dos Santos e o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, Deo Victor Pinho Cipriano Cunha. Todos foram notificados e tiveram o prazo de apresentar esclarecimentos formais.
A Procuradoria-Geral de Justiça do Maranhão e o sistema Comprasnet também foram acionados pelo MP para análise técnica dos documentos, valores e justificativas do pregão.
Enquanto isso, se, as bolas e medalhas adquiridas seguem como um mistério: nunca chegaram às mãos dos atletas locais. Resta saber se estão esquecidas em algum depósito, se foram redirecionadas para outros municípios ou se representam apenas mais um número inflado em um processo que parece cada vez mais duvidoso.
Em meio à reposição dos refletores, resta à população de Santa Inês esperar que a luz da transparência e da responsabilidade pública volte a iluminar não só as quadras, mas também os gabinetes do poder.
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